11/05/11


No Carapebus o presidente entra em campo

No Campeonato Estadual da Série C não é nada incomum que vejamos presidentes de agremiações acumulando a função de atleta, mesmo com certa idade. No Carapebus, o presidente Lenildo Lamoglia Bastos (foto), 38 anos, além de secretário de saúde do município, comanda a zaga do time treinado por seu irmão, Luciano. “Após a desativação do antigo Carapebus, presidido por Carlos Alberto Aguiar, que chegou à Segunda Divisão do Rio de Janeiro em 1991, mas que encerrou suas atividades em 1994, nos vimos na obrigação de formular outro clube para representar a cidade”, declarou.
Dispondo das mesmas cores, portanto, constantemente confundido com o anterior, o atual vem fazendo boa campanha no campeonato, tendo se classificado pelo índice técnico após ter composto uma difícil chave que continha clubes do porte de Goytacaz, Barcelona e Santa Cruz. A única participação anterior fora em 2006, quando a equipe não superou a primeira fase do certame. Portanto, já é um recorde essa habilitação à segunda fase. Não será surpresa se o time aprontar e chegar à terceira fase.

Série B permanece indefinida. Caso vai parar no TJD

O tremendo imbróglio jurídico que remete ao triste reinado de Eduardo Viana, paralisou o começo da segunda fase do certame que promoverá duas vagas à elite estadual. Conforme antecipamos, o São João da Barra entende que é o classificado de acordo com o confuso e ambíguo regulamento que os dirigentes teimam em aprovar todo ano. A equipe do Norte Fluminense recorreu ao TJD para fazer valer os seus direitos, visto que pelo índice técnico conquistou realmente a vaga. A verdade é que a capacidade de compreensão e entendimento de quem lida com futebol já não é propriamente muito abrangente, diga-se, e ainda fabricam critérios complicados que levam a essas situações desagradáveis de presenciarmos o campeonato sendo definido por um tribunal, o que prejudica sobremaneira a lisura e o calendário das competições. Espera-se que os jogos sejam retomados sem mais sobressaltos. Outra dúvida que perdura: quais times acompanharão o Aperibeense no descenso?

Técnico da semana: César Mello, do Arraial do Cabo

Paulo César Mello de Albuquerque, 54 anos, é natural do Rio de Janeiro. Quando atleta atuava como atacante. Foi revelado, em 1970, na categoria infantil do Bonsucesso. Nos dois anos seguintes integraria o América, chegando ao juvenil. Em 1975, se transferiu ao São Cristóvão. Foi pelo Clube Cadete que César estreou como profissional no ano posterior. Em 1977, teve uma rápida passagem pelo Bonsucesso. A partir de 1978, veio a se consagrar jogando pelo Campo Grande, que naquela época vivia áureos e saudosos anos. Pelo Galo da Zona Oeste, em 1979, sagrou-se vencedor do Torneio Oduvaldo Cozzi. Em 1980, se transferiria ao Bahia, voltando ao Campo Grande no ano seguinte. Um ano depois, conquistaria o vice-campeonato da Taça Guanabara pelo América, além do vice-campeonato baiano pelo Vitória. Em 1982, levantou a taça de campeão brasileiro da Taça de Prata, maior honraria alcançada pelo Campo Grande equivalente ao atual Campeonato Brasileiro da Série B. Em 1983, conquistou o vice-campeonato paranaense pelo Colorado. César atraiu no mesmo ano a atenção dos portugueses que o levaram para o Águeda, pelo qual venceu a Taça de Aveiro. Entre 1984 e 86, foi titular do Vitória de Setúbal, ganhando por duas vezes a Taça de Setúbal. Nos dois anos seguintes atuou pelo Famalicão, vencendo a Taça de Braga. Entre 1987 e 88, integrou o Penafiel. A longa estada em terras lusitanas prosseguiu em mais duas temporadas nas quais César desfilaria o seu talento de artilheiro nato no Olhanense, sagrando-se bicampeão da Taça de Faro. Pelo mesmo clube ensaiaria a futura carreira ao ser auxiliar técnico e treinador adjunto. Porém, só penduraria as chuteiras após jogar pela Portuguesa, em 1991, e Guará, no ano seguinte. Em 1994, é preparador físico e auxiliar técnico nas categorias infantil, juvenil e júnior do São Cristóvão, passando no ano seguinte a treinar a equipe infantil. Dois anos após, passa à Portuguesa, acumulando os cargos de preparador físico e auxiliar técnico dos juniores, alcançando os profissionais. Entre 2000 e 2002, treina o mirim do Madureira. Pelo Angra dos Reis comandou tanto os juniores como a equipe principal em 2006. No ano seguinte foi o treinador do São Cristóvão no Campeonato Estadual e Torneio Otávio Pinto Guimarães. Finalmente, a partir de 2009, assume o Arraial do Cabo para o presente Campeonato Estadual da Série C.

Recordações do União Nacional, de Macaé


Para quem pensa que Macaé se resume apenas ao Macaé Esporte, que nos abrilhanta com a sua presença na Série A do Estadual e Série C do Brasileiro, é importante nos recordarmos da primeira equipe profissional da cidade, o União Nacional. Fundado em 24 de abril de 1946, o time, que vestia uniforme semelhante ao Grêmio, conquistou a Terceira Divisão de 1988, ocasião em que chegou à Segunda Divisão acompanhado do América de Três Rios. Em 1991, disputa a Copa Rio, época em que o torneio era prestigiado pelos grandes times do estado. No ano seguinte a agremiação passou a se chamar União Macaé, controlada por um outro grupo que buscou apoio da prefeitura. O departamento de futebol viria a fechar em 1995, quando houve uma última tentativa de reativá-lo a partir de uma fusão com um outro time tradicional do município, o Barra Futebol Clube, que por sinal, cedeu a sua sede para a construção do moderno estádio Moacyr de Azevedo. Nasceria o Macaé Barra Clube, o qual teve curta duração. Há um projeto para a volta do glorioso União Nacional, mas seria difícil Macaé comportar mais um time, visto que Macaé e Serra Macaense já integram o profissionalismo. A foto, tirada no estádio Expedicionário, representa o elenco de 1990 que disputava a Segunda Divisão do Rio de Janeiro. O atleta abaixo na extrema-direita é Luciano Lamoglia, hoje técnico do Carapebus, que nos concedeu gentilmente a imagem.

Segunda fase da Série C começa com surpresas

A primeira rodada da segunda fase do Campeonato Estadual da Série C do Rio de Janeiro contou com algumas surpresas. O Carapebus, fora de casa, arrancou um empate de um tento contra o América de Três Rios. Já o Serrano bateu com facilidade a boa equipe do Duquecaxiense por 3 a 0. Mas, a maior surpresa ficou por conta do Arraial do Cabo, então invicto, que caiu em casa diante do Barcelona. A equipe mostrou evolução tática e técnica. A tendência é que os confrontos fiquem cada vez melhores e mais equilibrados. A presença de público, no entanto, ainda é escassa devido à falta de laudos nos estádios, além do pouco interesse que a competição desperta na mídia em geral. Os grandes impressos do estado sequer divulgam os resultados, algo ocorrente desde a década de 90.

Escudo da semana: Volantes, de Mesquita


Fundada a 12 de outubro de 1950, a Associação Atlética Volantes, do bairro Presidente Juscelino, é uma das mais prestigiosas agremiações esportivas da Baixada Fluminense. Seu estádio Augusto Simões tem capacidade para 2000 espectadores e já foi palco de partidas da Liga de Nova Iguaçu e Mesquita, além de jogos da Segunda e da Terceira Divisão. O time, que veste as cores azul e branca, estreou na Terceirona em 1984, conquistando o terceiro lugar, feito que se repetiria em 1986, quando deixou no final escapar o acesso, conquistado por Tomazinho e Nova Cidade. Em 1991, é convidado a integrar a Segunda Divisão, pois a Federação acabara de criar a Divisão Intermediária. O clube disputaria a competição até 1993, quando por falta de recursos, abandonou o profissionalismo. Em 1999, a equipe em parceria com o então ArtFlu, o futuro Artsul, foi vice-campeã da Taça Cidade de Nova Iguaçu, perdendo a decisão para o Miguel Couto. O atual presidente Cláudio Gimenez relata que há planos para o tão sonhado retorno à esfera profissional. Para os amigos colecionadores segue em primeira mão o novo escudo do Volantes, totalmente remodelado e atualizado. Agradecemos ao companheiro Sérgio Mello, do Jornal dos Sports, pela excelente vetorização. Semana que vem tem mais.

Mínimas

>> Está em gestação o projeto de fundação e posterior filiação à Ferj de um novo clube da Região dos Lagos. Casimiro de Abreu também abrigará um novo time que terá o mesmo nome da cidade. A conferir.

>> O Cardoso Moreira deve retornar à disputa do “Grupo da Morte”. Seus dirigentes estão reavaliando a decisão de abandonar a competição.

>> Uma raposa felpuda recomenda que o “campeão” do famigerado “Torneio da Morte” ganhe uma caveira dourada como troféu.

>> Marco Cerdá confirma a máxima de Tomasi de Lampedusa: “Tudo deve mudar para ficar como exatamente está”. Ele gerenciará a categoria juvenil do Nova Cidade na disputa do Campeonato Iguaçuano. Um dos adversários do clube nilopolitano na primeira fase será o Miguel Couto. Será uma reedição, infelizmente fora da esfera profissional, de um dos clássicos mais tradicionais da Baixada Fluminense.

>> Michel Cravo, o simpático e competente coordenador geral do Sendas faz aniversário nessa semana. Os nossos parabéns!

>> É comentado nos bastidores que uma das soluções para o imbróglio jurídico causado pela não classificação do São João da Barra à fase seguinte do Campeonato Estadual da Série B seria a inclusão deste e do Teresópolis, agremiação serrana com a qual o clube do norte Fluminense disputa a vaga, na segunda fase.

>> Dança de gestores. Carlinhos Cortazar assumirá o futebol do Condor já para o Campeonato Estadual Juvenil. Por sua vez, Paulo Porto ficará responsável pela gestão profissional do Heliópolis no ano que vem.

>> O Campos, conhecido tradicionalmente como “Roxinho do Parque Leopoldina”, deve retornar ao profissionalismo no ano que vem, já que comemorará o seu centenário. O clube foi campeão estadual fluminense em 1956, além de campeão campista em cinco oportunidades. Batia mesmo de frente com Goytacaz e Americano.

>> Por sinal, é bem provável que em 2012 haja uma maciça participação de times, sobretudo na Série C, visto se tratar de ano eleitoral. O futebol, a exemplo do circo na antiga Roma, é um chamariz para a eleição de candidatos, embora a política e o esporte sejam aliados somente quando existe interesse. Os exemplos são inúmeros.

Abraços, amigos, e até a próxima semana.

* André Luiz Pereira Nunes é professor, pesquisador e historiador do futebol carioca, além de mestrando em literatura brasileira pela UERJ.

>> Email para essa coluna: adrnunes@hotmail.com .

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

papoesportivo.com - todos os direitos reservados