Na sua formatura, algumas vezes, em momento solene, o árbitro jura respeitar, cumprir e fazer cumprir a regra do jogo e sempre legitimar o resultado. O uniforme é similar a toga do Juiz de Direito. Talvez, seja por isso que é chamado de Juiz.
Assim como a toga, o uniforme do árbitro, pela sua tradição e seu prestígio, é mais do que um distintivo. É um símbolo. Desperta a lembrança do sacerdócio e incute no público, atletas e comissões técnicas o respeito maior ao desporto praticado.
Quando um árbitro adentra o campo de jogo os olhares não estão voltados para o indivíduo, mas para o uniforme que ele veste e para o papel que vai desempenhar. O uso é carregado de importante simbologia. Ele tem a finalidade de conferir o respeito à regra do jogo, ao regulamento da competição, bem como ao Estatuto do Torcedor e ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
Ao vesti-lo, o profissional do apito expõe ao público que está ali para arbitrar com imparcialidade e responsabilidade. Quando o árbitro veste o uniforme, rompe com o mundo e concentra-se apenas no jogo. Se investe do poder de qualificar os fatos de acordo com as 17 regras e sobre elas decidir. Geralmente utiliza a cor preta. Essa cor é a da igualdade, além de representar dignidade. O preto, também usado pelos magistrados, operações especiais, sacerdotes, simboliza a sobriedade, a abnegação e o preparo fisico-técnico de uma pessoa cuja missão é cumprir com excelência o seu papel.
Sendo o preto definido como ‘ausência de cor’, ou ‘ausência de luz’, tem a capacidade de absorver todos os raios luminosos e não refletir nenhum deles, assemelhando-se à figura do árbitro, que coloca um fim a todas as questões e demandas, para ser imparcial em relação às pessoas e aos fatos. Assim, todos passam a depositar na figura do árbitro a confiança que solucionará as pendências surgidas com imparcialidade.
Então, se por um lado o uniforme confere poder, independente da cor, por outro, carrega o principal símbolo que o desporto precisa. Impõe uma carga de compromissos e responsabilidades naquele que o veste.
Por Reinaldo Delmiro, árbitro de futebol da Ferj e Liga de Desportos de Nova Iguaçu.
Foto: Jaílza Ribeiro/www.papoesportivo.com
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